domingo, 24 de janeiro de 2010

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

pelas cores, ricas e quentes. O Araújo pelo onírico, pelos olhos que vêm mais do que é
possível ver.
Há alguns anos inventaram de reinventar o Brasil. Fizeram até comemoração.
Quinhentos anos. O Conde também pensou esse momento. No entanto, comemoração
não é bem a melhor palavra para definir as suas preocupações. A reflexão do Conde
é muito mais enviesada. Olhar de gente desconfiada. Ele deu outra perspectiva para o
que na grande mídia era apenas festa. Focou mostrar aquelas pessoas que estão atrás
dos holofotes. O Brasil dele é conflito. Índios e negros compõem esse imaginário junto
com suas imagens da periferia. Somando essas pinturas com seus escritos, vemos que
o Brasil de Conde não é nada semelhante ao Brasil turístico que existe na televisão e
nos outdoors por aí.
Para os olhos mais novos, as cores e temas do Conde têm algo singelo. Ele
parece até nacionalista. Essas cores não são mais do que camuflagem. Arranjo e
desarranjo. Algo que pode ser e não é. Um homem deitado, torto, sobre um presídio,
é marca desse pensamento. O símbolo da Bandeira no chão é traiçoeiro. O símbolo
nacional em conjunto com o presídio parece se unir a este. Referência ao PCC e ao caos
instaurado em São Paulo. Ambigüidade.
Essas cores nos fazem pensar um pouco nesse intrincado modo de ser e se
tornar brazuca. Mostrando as desventuras de seu povo, negro, e dos indígenas; Conde
esteve interessado em apresentar uma visão particular sobre o Brasil. Um país de
índios e quilombolas lutando pela posse de suas terras. Os bancos e seus investidores
internacionais ávidos por lucros fáceis. Os pobres de recursos (mas não de cultura e
alma) sobrevivendo em situações precárias nas favelas, cortiços e periferias das grandes
metrópoles.
Uma pintura com diversas crianças indígenas em verde e amarelo, onde
repousa uma criança negra, é parte desse imaginário. As cores verde e amarelo estão

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