quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Educandario Dom Duarte



06/11/06) Este é o prédio da Liga das Senhoras Católicas em que fica o AcessaSP Educandário Dom Duarte, na Av. Engenheiro Heitor Antonio Eiras Garcia, 5985 - Jardim Esmeralda, perto do Cemitério Israelita. O prédio é cercado de outros tão bonitos quanto ele, jardins e até uma piscina! A Liga das Senhoras Católicas, além de abrigar o posto AcessaSP, oferece nesses espaços cursos profissionalizantes.

A CASA DA VOVO ANITA


Quando morei no colegio interno do educandário participei de diversos passeios pelo zoológico, playcenter, uma diversidade de circus, clubes campestres etc..., mais o que mais marcou foi a viagem a Santos onde ficamos hospedados na casa da vovo Anita, foi espetacular, ficamos uma semana na praia com muito sol com direito a diversos passeios e diversões...




Confira:

Construída em estilo colonial num terreno com cerca de 450 m 2 , antiga chácara da Vovó Anita, onde a criançada da família se divertia especialmente nos fins de semana, mantém ainda os dois enormes chapéus-de-sol, na frente do edifício, como nos tempos da saudosa senhora.
Situada em plena praia do Embaré, Av. Bartolomeu de Gusmão nº 48, bem em frente ao mar, a Casa é dividida em dois amplos blocos. No primeiro bloco, no andar térreo está o salão nobre, secretaria com banheiros (feminino e masculino), tesouraria e arquivo, que funciona também como casa de som.
No primeiro andar está instalado o auditório com 154 cadeiras do tipo escolar, palco, dois camarins e banheiros para artistas e público. Possui ainda um televisor colorido. No local podem, conforme as conveniências, fazer trabalhos escolares, assistir televisão ou fazer brincadeiras teatrais.
No segundo andar fica o paraíso da molecada. Um salão com brinquedos de toda a espécie e biblioteca. No segundo bloco tem dois amplos refeitórios e cozinha industrial, dois pátios com banheiros, dependências para guardar alimentos e material de limpeza, na parte térrea. No primeiro andar fica a sala de costura, dois dormitórios com 52 camas cada e dois banheiros com sanitários e chuveiros de água quente e fria. Tem também dois quartos com 04 camas e banheiros privativos. Funciona também neste andar, uma lavanderia industrial para atender a demanda diária das roupas de cerca de 120 pessoas, além da roupa de uso nos dormitórios, cozinha, etc.


Foram inauguradas as instalações em 15 de agosto de 1972 com a presença de familiares, várias autoridades e do Bispo Diocesano. As crianças do Instituto de Surdos-mudos Santa Terezinha de São Paulo foram os primeiros hóspedes que a Casa recebeu e, até a presente data, já gozaram de excelentes férias junto ao mar mais de quarenta mil crianças assistidas por cerca de 1200 entidades e 50.000 crianças, conforme consta em nossos registros.
O Senhor Américo Ribeiro dos Santos, criador desta extraordinária obra, faleceu em 19 de março de 1983, e, a partir desta data sua esposa Maria Stella Mendonça Ribeiro dos Santos , filhos e netos dão continuidade à obra.



O Auditório conta com 154 cadeiras do tipo escolar, palco, dois camarins e banheiros para artistas e público. Possui ainda um televisor colorido. No local podem, conforme as conveniências, fazer trabalhos escolares, assistir televisão ou fazer brincadeiras teatrais.



No Pátio Principal, as crianças podem fazer brincadeiras recreativas e usufruir da mesa de tênis de mesa e outros brinquedos.


A Sala de Reuniões é em estilo colonial e acomoda as reuniões da Diretoria da Casa.






O Escritório cuida de todo trâmite administrativo e faz atendimento ao público, em horário comercial, recebendo doações.



A Lavanderia mantém limpa as roupas de cama e banho para as crianças.



A Cozinha é equipada com máquinas industriais para que seja possível o preparo da grande quantidade de alimento diário.



Cada pavilhão contém uma Enfermaria para atender as emergências.




Cada pavilhão é composto por Banheiros onde os chuveiros e os sanitários são separados.





Cada pavilhão possui um Refeitório onde são servidas 5 alimentações diárias: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno.






O paraíso da molecada, o Salão de Brinquedos possui centenas de brinquedos, entre eles: casinha de boneca em tamanho real, pinbolim, boliche e também uma mini-biblioteca com vários exemplares infantis.




domingo, 24 de janeiro de 2010

Educandario

NA PENSÃO DO SENHOR MEJIN FERNANDEZ....parte I
A lesma.
Após a grande briga com o Alexandre, Meneses me levou para a minha nova casa. ERa um quartinho que cabia apenas uma cama de solteiro e tinha uma poutroninha que servia de armário para empilhar minhas roupas. O quarto era tão pequeno, mas tão pequeno que se levantasse da cama rápido batia a cabeça na parede. Isso mesmo, tinha mais uns 40 centímetros além da largura da cama. Uma técnica que descobri para para guardar as roupas foi bater uns pregos na parede e com uns cabides pendurar as roupas, que maravilha !!! parecia uns quadros moderníssimos...rs, porém um certo dia acordo com a luz do sol, olho para aquela obra de arte na parede... e vejo que outro autor colaborou para mudar minha obra. Isso mesmo !!! Vi que uma mancha brilhante cortava a parede e atressava simetricamente as roupas no sentido horizontal, fui acompanhando a mancha, até dar de cara com a autora. Uma lesma gigante, caraca !!! nunca tinha visto um bicho nojento e tão grande !!! Será que ela poderia me engolir??? Quantas voltas ela iria dar no quartinho e quanto rastro ela deixaria nas minhas roupas??? Dei um pulo da cama, corri no boteco da esquina pedi uma porção de sal e voltei armado para destruir a impostora. Derrubei-a e joguei sal em cima dela. Olhava ela se contorcendo, se enrolando. Meu deve doer muito o sal no seu corpo. fiquei com dó, dei um pisão e chutei a meleca para longe.
O inicio nessa pensão do senhor Espanhol foi díficil, mas logo me adaptei, pois quando dava fome apertava ou eu ia para a fila do cafezinho no supermercado Disco, ou morder as mortadelas que ficavam numa banca. Se tinha dim dim, comia um pão de frios e uma tubaína.

O golpe do jornal.
Imagine eu, um rapaz de 15 anos, morando sozinho numa pensão, naquele quartinho jogado sem amigos... quando derrepente ao ir ao banheiro, sentei no vaso, e nos meus momentos de pura filosofia, olhei para o chão e vi o jornal Primeira Mão. Li, reli... quando vejo uma parte super interessante: "Doa-se", doava-se de cachorro, roupas, livros etc....Uau !!! existe gente que doa mesmo ??? Um sorriso maroto brotou nos meus lábios... E na segunda feira, no trabalho liguei para o jornal e deixei o seguinte anuncio: Garoto carente aceita-se doações de roupas e livros – endereço tal...etc. Sacaram a jogada ???? Isso mesmo...risos, se tem que doa, tem quem quer receber. Só que eu não previ o que iria acontecer, pois assim que saiu a matéria no jornal, eu trabalha durante o dia no Palácio do Governo e a noite estudava, portanto não tinha tempo para receber as minhas doações, para minha surpresa no outro dia encontro um senhor que morava na pensão doido da vida com o lixo no quintal, era um monte de livros e roupas velhas que caíram e se misturavam com a terra. E eu na maior cara de pau, fiquei indignado também. E outros amigos que moravam na pensão paravam para discutir quem era o responsável, que se vissem alguém jogando alguma coisa por cima do muro iriam bater etc e tal, e ao ouvir ficava imaginando uma pessoa boa, toda interessada em ajudar um pobre coitado sendo linxado pelos revoltados da pensão. Vixi Maria, vou dar umas voltas...rs.
O Vazamento.
Toda vez que eu ia usar o banheiro do pateo da pensão, um maldito vazamento na mangueirinha da caixa de água da descarga, pingava em minha bunda, caraca !!! como poderia cagar sem conseguir me concentrar. Meia hora de concentração, a sensação de momento do disparo do míssil, contagem regressiva, 5, 4, 3, 2, 1... ping, ping.... que merda !!! ops...risos que água !!! e lá voltava o míssil para origem. Água fria na bunda na hora da cagada é foda !!! Mas tudo bem, reiniciar a concentração, a sensação de disparo chegando, 5,4, 3, 2, 1... ping, ping... caraca !!! Já sei, vou cagar me equilibrando, assim as gotas d’água passam raspando mas não vão me desconcentrar... Deu certo !!! Caguei !!!
Reclamei para o espanhol, senhor Mejin Fernandez. Ele me tranqüilizou que quando voltasse do trabalho estaria tudo resolvido. E realmente voltei e lá estava o trabalho do senhor fernandez, uma bela bola de duropox envolvendo a mangueirinha...
Passados uns dias Lá eu lançar o míssil e para minha surpresa... ping ping....PUTA MERDA VOU XINGAR O ESPANHOL!!! No outro dia, nova reclamação, e ele me tranquilizou dizendo que agora ele ia resolver o problema. E a noite ao voltar da escola, corri para o banheiro para ver a grande solução. E que grande solução !!! Antes ele tinha feito uma bolinha de gude em volta da mangueira e agora....risos, parece mentira, mas não é.... o senhor fernadez fez uma bola maior, quase uma bola de tênis em volta da magueirinha. Resolveu o problema ??? Sim, ficou uma maravilha, por uns 5 dias... até que a história se repetiu e ai o veneno escorreu, chamei o espanhol de português e coisa e tal, nada contra a comunidade luzitana, só foi uma força de expressão usada no Brasil num momento de raiva. E finalmente o Portuga, ou melhor o Espanhol, senhor Mejin Fernandez trocou a mangueirinha por outra, risos.... custo da troca ?? uns 30 reais, isso mesmo, sendo que 25 eram do duropox os outros cinco da nova manguerinha. Será que fui duro com ele ???

http://lhsampa.blog.uol.com.br/

Educandario

Pensão do senhor Mejin Fernandez - parte II
Entrada proíbida.
A principal regra numa pensão para homens é a seguinte: É Proibido a entrada de mulheres.
Isso é regra do dono para manter a pensão mais tranqüila, sem muito agito, sacanagem etc.
Porém, lá pelas 23 horas, só se ouvia correria de salto alto, e olhe que era uns 20 quartos, todos individuais, com entrada independente. Então no páteo central, ouvia os saltos correndo, será que havia transformista na pensão ??? Nunca soube responder, pois ninguém colocava a cara para espiar, porque todos sabiam e queria ter também o direito, mesmo que ilegal...risos, de entrar com uma garota na pensão. A noite se ouvia, risadas femininas, gemidos, e palavras obcenas tipo de filmes pôrnos, porëm no dia seguinte nem uma pista de tais donzelas.
Porém numa noite ao voltar da escola me deparo com um beijo de despedida, e a moça passou na minha frente. Realmente jovem uns 17 anos, bonita, que corpinho !!!...rs, passou de cabeça abaixada e me olhou de rabo de olho, e foi embora.... Outro dia ao ir a fabrica de salgadinho encontro-a lá, a coitada ficou vermelha, sem graça, mas tinha que me atender... E eu olhava bem nós olhos, não falava nada e seguia. Era realmente um clima super sensual, mas como eu era tímido, e ela era namorada de um amigo, ficamos só nisso durante muito tempo.
Meus camaradas.
Mauro (saci lambão) e Sérgio (ratão) iam sair do Educandário Don Duarte e teriam que procurar uma pensão para morar, como havia um quarto grande na pensão sobrando, convidei-os e eles prontamente aceitaram. Meu que dureza é dividir o seu espaço com outro. Sérgio roncava feito um porcão, era impossível dormir, e mauro tinha um chulé que deus me livre!!!
Como eu sempre chegava mais tarde do que eles no quarto, e eles quase sempre estavam dormindo, pegava o sapato chulezento do Mauro e atacava na cabeça do Sérgio. Assim ele parava por alguns minutos de roncar... depois reiniciava, e lá ia eu atacar outro sapato....e outro... durante a noite toda. No dia seguinte ele não entendia porque os sapatos amanheciam na sua cama...risos. O lado bom da coisa é que a gente juntava força e comprava comida e bebida juntos e rachava, a tubaína, as bolachas do Serjão (restaurante do palácio). Com o apoio da galera compramos um armário. Mais uma cama. E Até um video game atari, que foi a sensação do verÃo.
O Atari.
Assim que chegamos do trabalho com o video game atari, foi uma loucura, corremos para instalar e começamos a jogar as 19 horas, o principal jogo era o Olimpiada, corriámos, pulávamos, etc... assim foi a noite inteira. A vontade de fazer xixi era grande, mas não arredávamos o pé do jogo, foi quando eu, fui ao banheiro que ficava no pateo e vi a penumbra, achei estranho porque tinha começado o jogo no inicio da noite e ainda não tinha escurecido ??? corri para o relógio e vi que já eram umas 5 horas da manhã. Caramba !!! Passamos a noite em claro. Continuamos jogando até as 7 da manhã e voltamos para o trabalho, super felizes por conseguir o nosso primeiro video game. Ah !! compramos do Alberto Niemietz, um amigo do trabalho.

http://lhsampa.blog.uol.com.br/

Adilson Alcantara Ex interno

Meu nome é Adilson Alcantara, por volta de 1970 e alguma coisa eu morava no orfanato Educandário Dom Duarte na Estrada Velha de Cotia, nesta época foi filmado naquele orfanato o Filme A Herdeira Rebelde, a mim coube simplesmente ver alguns artistas, eu não entendia nada do que se passava devido a pouca idade mas o nome do filme ficou em minha memoria e eu gostaria imensamente de assistí-lo só que nem imagino como conseguir se vocë me ajudar ficarei muito contente. Fui criado em orfanato mas hoje sou o Diretor Social no Sindicato dos Ferroviários, sou Assistente Social e administro nosso projeto Ascobike. www.ascobike.org.br ( maior estacionamento para bicicletas das Américas)Ficarei ansioso por qualquer que seja a resposta, sendo positiva melhor.Adilson (adilsonalcantara@uol.com.br) ou adilson@ascobike.org.br

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

Findou o noticiário,
Sempre há descompasso no meu coração
Apelo a todo Ser vivente
Unidos em uma corrente
Resgatamos a semente da Esperança
lançada no chão
Entre um comercial e outro
O mundo aflito reclama
Trabalho, saúde, pão
Fugir para os montes aos montes
Seguir o sermão da montanha
Atendendo uma só oração
Encontrei cavaleiros malditos
Se proclamando o Messias
Que trariam a justiça e igualdade
para toda nação. Mas na verdade
com seu vil metal semeiam
A luta de irmão contra irmão
Com todo seu coração medita nas profecias
Escola, Espaço Público e Social
destinado a desenvolver e edificar
o intelecto dos nossos alunos, comunidade,
recebe a todos de braços abertos
e sendo extensão de nossas casas, quintal e jardim,
terra fértil para semear e colher frutos do caráter
e flores da sabedoria
que regados com amor, determinação e humildade
com certeza, colheremos a União,
a Dignidade e a Paz

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

O título acima é uma frase do artista Reinaldo Alves dos Santos, que ilustra
bem a sua trajetória. Conhecido popularmente por Conde, apelido digno da grandeza
que teve este ser humano, um grande exemplo a ser seguido, pois, apesar de passar
por obstáculos e dificuldades, nunca desistiu de seus objetivos. Não há limites para um
sonhador.
Sua vida foi marcada por vários simbolismos. Em 13 de maio; mesma data da
lei Áurea (1888), a que tornou livres os negros apenas no papel; nascia nosso artista.
Assim como os antepassados que foram separados de seus entes queridos pela violência
da escravidão, era ele, também, órfão. Aos 33 anos de idade, participou ativamente do
centenário da abolição da escravatura, em 1988, quando já se discutia a importância do
ensino de história da África e do povo negro em todas as escolas do Brasil. Mais tarde,
o projeto seria aprovado em lei, a nº10639/03.
Conde foi um autodidata, defensor árduo da causa negra, com uma
capacidade intelectual imensa para arte. No entanto, em vida, seu talento foi muito
mal aproveitado pela sociedade. Ele sofreu o que ainda sofrem hoje milhões de jovens
pobres, constantemente marginalizados. Preocupado com o futuro destes jovens tinha
a intenção de distanciá-los do mundo do crime. A única via possível para isso seria
mantê-los ocupados com a arte. Por isso, construiu na casa onde morava, na favela do
Jardim Arpoador, um segundo pavimento, uma boa sacada, com material e madeira
reciclável bem coloridos, com o objetivo de ensinar artes e profissões para as crianças e
jovens. Era o atêlie Associação Amigos Artistas e Artesões do Arpoador, onde os alunos
podiam pintar, desenhar e produzir outros trabalhos, como ensaios de grupos de Rap.

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

com uma atividade contínua em explorar a si mesmo e os outros, o mundo.
O seu resultado certamente fez com que nós mesmos possamos nos conhecer um
pouco melhor através de seus trabalhos.
São Paulo é uma cidade que esconde em suas vielas uma alma de cinzas.
Isso é parte das tantas histórias sinuosas que presenciamos em seus becos. Mendigos
assassinados a golpes de indiferença, crianças de rua, cracolândia, boca do lixo, surfistas
de trem, malandros, bandidos, engravatados, rappers, sambistas e rockeiros. Cidade de
encontros e desencontros. Cidade bicho, pronta para dar o bote naquele que vacila na
esquina. É a cidade do Conde. Onde ele se perde e se encontra.
Essa alma de cinzas, porém, renasce a cada manhã quando percebemos
uma nuvem a passear no arranha-céu. Para muitos, essa cidade é ainda uma terra de
oportunidades. Verdades e mentiras. Conde faz parte desse olhar de esperança. Uma
esperança que é vontade e se constrói na caminhada. Seus olhos nos trazem novas
possibilidades, mesmo quando mostra o que já conhecemos. Esse já conhecido, agora
tem o frescor dos olhos de um pintor. Não há apenas cinzas. A faísca da sua arte brilha
como chama. É uma pequena pipa, nos olhos da criança, caindo no morro.
Marcelo D'Salete

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

nos personagens e inclusive na cobra que pica. Em outra pintura, uma menina esconde
o rosto por detrás de suas mãos. Ao seu redor, pequenos pássaros se mesclam com
a flora. A expressão nos olhos da criança são um misto de dor e desesperança. Isso
contrasta com os tons vivos e fortes das cores. Há uma trama intrincada entre forma e
signos. Essa ambigüidade mostra as tantas faces que podem obter as formas desse artista.
Conde também se debate com as diversas possibilidades de seu ofício.
Como um trabalhador que escolhe sua melhor ferramenta para atingir a excelência
da execução, ele flerta em diversos momentos com o figurativo e o abstrato.
Conhecedor das nuances dos novos caminhos, em escritos seus, ele diz tentar "uma
nova linguagem sem muita expectativa de avançar (ainda não confio na abstração)".
Jocosa, a desconfiança do artista diz respeito ao ato gratuito de adotar uma linguagem
que pode não expressar as suas verdadeiras preocupações. Não que a abstração seja
apenas alienação. Ela é mais do que isso. Por outro lado, quando mal compreendida,
ela pode ser o uso inconseqüente de um meio.
Conde, sendo um artista negro, é um homem que pensa seu meio. Assim,
ele reflete não só sobre si, mas também, a partir de uma perspectiva muito especial,
sobre os indígenas e os excluídos. O fato de poder realizar essa reflexão de dentro
lhe confere uma visão particular muito rica. Essa visão não é mais verdadeira ou
importante do que outras. Todavia, dentro do sistema de significados que vivemos,
em que as classes excluídas têm pouca voz (ou nenhuma); uma obra como a sua é
fundamental.
As distinções de artista naïf ou popular não colaboram para compreensão de
seu trabalho. Conde é um artista contemporâneo, vive seu tempo e momento, pensa
sua época, expressa suas dúvidas e dilemas. Esses poucos quadros mostram o seu
embate com uma atividade contínua em explorar a si mesmo e os outros, o mundo.

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

pelas cores, ricas e quentes. O Araújo pelo onírico, pelos olhos que vêm mais do que é
possível ver.
Há alguns anos inventaram de reinventar o Brasil. Fizeram até comemoração.
Quinhentos anos. O Conde também pensou esse momento. No entanto, comemoração
não é bem a melhor palavra para definir as suas preocupações. A reflexão do Conde
é muito mais enviesada. Olhar de gente desconfiada. Ele deu outra perspectiva para o
que na grande mídia era apenas festa. Focou mostrar aquelas pessoas que estão atrás
dos holofotes. O Brasil dele é conflito. Índios e negros compõem esse imaginário junto
com suas imagens da periferia. Somando essas pinturas com seus escritos, vemos que
o Brasil de Conde não é nada semelhante ao Brasil turístico que existe na televisão e
nos outdoors por aí.
Para os olhos mais novos, as cores e temas do Conde têm algo singelo. Ele
parece até nacionalista. Essas cores não são mais do que camuflagem. Arranjo e
desarranjo. Algo que pode ser e não é. Um homem deitado, torto, sobre um presídio,
é marca desse pensamento. O símbolo da Bandeira no chão é traiçoeiro. O símbolo
nacional em conjunto com o presídio parece se unir a este. Referência ao PCC e ao caos
instaurado em São Paulo. Ambigüidade.
Essas cores nos fazem pensar um pouco nesse intrincado modo de ser e se
tornar brazuca. Mostrando as desventuras de seu povo, negro, e dos indígenas; Conde
esteve interessado em apresentar uma visão particular sobre o Brasil. Um país de
índios e quilombolas lutando pela posse de suas terras. Os bancos e seus investidores
internacionais ávidos por lucros fáceis. Os pobres de recursos (mas não de cultura e
alma) sobrevivendo em situações precárias nas favelas, cortiços e periferias das grandes
metrópoles.
Uma pintura com diversas crianças indígenas em verde e amarelo, onde
repousa uma criança negra, é parte desse imaginário. As cores verde e amarelo estão

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

O trabalho do Conde é chama. Quando falo em trabalho, me refiro ao ofício
que desempenhamos todos os dias, costumeiramente, não só para nós, mas para os
outros. Poucas pessoas têm o privilégio de gostar dessa atividade. O trabalho é quase
sempre uma atividade ingrata. As pessoas não se esquecem de trabalhar, mas esquecem
que esse deveria ser um ofício mais prazeroso do que imaginam. Trabalhar não é só
para os outros; mas para nós, para nos conhecermos melhor. O trabalho do Conde,
de criar sonhos, por outro lado, é uma tarefa feita com a consciência daqueles que se
reconhecem em seu ofício. O contrário do trabalho feito sem atenção, sem dignidade,
sem se reconhecer naquilo que faz.
Todo artista necessita de sobreviver, além disso, precisa ver difundida sua obra.
Não por uma questão de fama e luxo, mas sim para ver seu ofício reconhecido, apreciado
e criticado. As pinturas em muro do Conde expressam a necessidade de comunicar.
Os desenhos dele não são simples mensagens publicitárias, mostram também os seus
ideais. Suas pinturas de Mandela e Martin Luther King não são escolhas arbitrárias.
Acompanhando as suas obras pictóricas e alguns dos seus escritos, podemos notar a
trajetória de um artista que ousou pensar seu momento, seu grupo e sua individualidade
enquanto artista.
As pinturas sobre tela mostram os sonhos mais ricos desse artista. Aqueles
pensamentos mais seus, escondidos, estão presentes em grandes telas a óleo. Essas
imagens vistosas, em cores cheias, flertam com o figurativo e o abstrato. Alguns artistas
negros como Yêdamaria e Octávio Araújo se aproximam desse universo. A Yêdamaria
Conde, cinzas e chamas

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

Dada a legítima importância de seu trabalho, Andreza, sua filha mais
velha, junto a amigos do pai, pretendem dar continuidade ao seu projeto MOSAICO
(Movimento Social de Arte e Integração com a Comunidade). São pessoas que
conviveram com o artista e compartilham de suas palavras e idéias.
"A s art es plás t icas propiciam a medi t ação
e o conhecimento de si, moldando o cará t er. A art e
como elemento de formação e t ransformação, porque
lapida o indivíduo."
"Sonho eu sonhos meus"

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

décadas de Ditadura, tendo sofrido na pele as mais diversas situações embaraçosas
e violentas.
Conheceu sua pátria no submundo da cidade grande e os personagens
desta viagem mutante e alienadora deram-lhe munição suficiente, caracterizadas
em seus trabalhos, que refletem a dicotomia social.
Chegou a desenhar figurinos para as pequenas confecções do Bom Retiro.
Era muito conhecido pelo codinome Caju, devido a seu cabelo amarelo copiado
do jogador Paulo César, na Copa de 70. Seus desenhos lhe deram suporte para
montar uma estamparia e melhor atender às confecções, tendo empregado até 30
funcionários, os quais na maioria eram ex-condenados, ex-prostitutas e menores
de 16 e 17 anos, que ninguém recrutava por estarem às vésperas do serviço militar.
Nenhum deles era registrado, assim como a empresa. Subsistiu alguns anos até que
teve problemas com o fisco, porém devido ao seu senso de justiça nenhum dos seus
empregados jamais o prejudicou judicialmente.
Morando na periferia e constrangido com a violência, deu sua contribuição
em forma de arte ou grafites tentando reverter este quadro social. Expôs seus
trabalhos no CEMUCAM de Cotia e na Escola de Sociologia e Política de São Paulo,
entre outros lugares.
A periferia lhe deu o título de CONDE por seus trabalhos voluntários e
sociais por mais de 10 anos nas comunidades carentes.
Infelizmente, no dia 1º de Janeiro do ano de 2007, o grande artista faleceu
no mar de Ilha Comprida, aos 51 anos de idade. Deixando muitas saudades. Sua
ausência é bastante sentida. Uma anciã percebeu:
- A comunidade, agora, ficou órfã.

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

nos pomares, além também do trato com as criações.
Participou, também, do curso de encadernador de livros e se formou com
maestria, mas nunca exerceu essa profissão. Tendo se passado quase 40 anos, ainda
se lembra dessa operação artesanal.
Aos 13 anos, surpreendeu com seu talento como escultor, executando sua
primeira obra: um pequeno busto de Jesus Cristo de 15cm de madeira com apenas
uma faquinha de sapateiro.
Aos 14 anos, freqüentou o SENAI "Felício Lanzara" de artes gráficas, onde
aprendeu o ofício de Linotipista. Operava uma enorme máquina de chumbo
derretido à qual se destinava a compor lingotes para linhas de jornal, profissão
hoje obsoleta com o advento da informática, não chegando a exercer tal profissão
devida a modernização da mesma.
Aprendera a conviver com a ausência da família. No segundo domingo de
cada mês, efetuavam-se as visitas aos menores internos que eram um número de
500 alunos, divididos em pavilhões com 45 menores cada. Destes, aproximadamente,
apenas 5% não tinham pai ou mãe, nem avós ou tios, o que era seu caso. Mesmo
assim destacava-se pelo seu trabalho artístico na biblioteca da escola e também na
preparação do cenário teatral do colégio.
Pelo seu talento foi adotado por uma família de classe média que
residia no bairro da Pompéia: trabalhava durante 14 horas em seu quartinho
mal ventilado, queimando seus desenhos em couro, que exalava forte odor; e do
seu ordenado, diziam estar sendo depositado em uma conta bancária. Poupança
esta que seria retirada por ele quando completasse sua maioridade. Aos 20 anos
perdeu a inocência ao descobrir que fora ludibriado e abandonou esse trabalho
escravo, porque em 3 anos de trabalhos difíceis obtivera apenas 10% de seu saldo
real. Revoltado e perdido, abraçou as ruas sem lenço e sem documento, pois sem
informação não havia se alistado e temia esta situação. Se tornou um hippie nas

Reinaldo Alves dos Santos Ex Interno

Nascido aos 13 de maio de 1955, Reinaldo Alves dos Santos, artista plástico,
traz o estigma e a reflexão da abolição em seus trabalhos. Órfão de pai e mãe,
aos 7 anos já espraiava seu talento em trabalhos religiosos feitos em guache nas
grandes vidraças do Prédio da Casa da Infância do Menino Jesus, obras estas que
antecediam as festividades da Páscoa e do Natal, entre outras.
Essa entidade filantrópica assistida pela Liga das Senhoras Católicas
o acolheu ainda enquanto engatinhava e nesta ocasião Reinaldo já realizava
pequenos traços artísticos no chão umedecido pela chuva com apenas um pequeno
galho seco de árvore. Agradecia a Deus por ali haver encontrado guarida, carinho e
educação, fundamentais para desenvolver seu talento.
Lembra-se que na idade pré-escolar, muitas vezes fora "esquecido" entre
tintas, pincéis e massinhas coloridas de modelar, e enquanto isso os outros internos
almoçavam. Surpreendentes gestos das freiras numa maneira de preservar aqueles
momentos criativos, e enquanto outros internos faziam a sesta, ele almoçava. Seu
talento criara uma nova rotina no orfanato até seus 9 anos, idade máxima aceita
neste estabelecimento.
Chegando em 1964 foi transferido a outro internato, o Educandário Dom
Duarte, também sob a direção da Liga das Senhoras Católicas, na área rural, com
disciplina rígida. O culto religioso que ainda era em latim, agora era diário e não
mais semanalmente.
Ali, ele aprendeu a lidar com a enxada em várias atividades na lavoura e

CONDE

CONDE
São Paulo • Edições Toró • agosto 2008
(Reinaldo Alves dos Santos)
concepção editorial: Mateus Subverso e Allan da Rosa
fotografia das obras: Guma
compilação e organização das obras e do material escrito:
JPR, Verônica Amores e Andreza Alves
curadoria da exposição "CONDE": Rodrigo Bueno

FÔLEGO DE MENINA AOS 85 ANOS

Ao longo de 2008, a Liga Solidária inaugurou duas creches e abriu 240 vagas. Com isso, o número de crianças matriculadas na sua pré-escola subiu para 920. Outra iniciativa que marcou o ano foi a decisão de abrir o Educandário Dom Duarte nos fins de semana. Trata-se de uma antiga fazenda próxima à Rodovia Raposo Tavares, circundada por quinze favelas. Lá funciona a maior parte das escolinhas e dos abrigos da Liga. Com muita área verde, dois campos de futebol, playground e uma piscina, o local passou a ser freqüentado como se fosse um parque. “Mais de 500 famílias vêm aos sábados e domingos aqui”, afirma Carola Matarazzo, vicepresidente da instituição. A Liga Solidária tem 85 anos. Até 2007, no entanto, se chamava Liga das Senhoras Católicas e estava muito associada à imagem de damas da sociedade reunidas para chás, bazares e bingos beneficentes (apesar do trabalho contínuo).

ONG em São Paulo cadastra profissionais de várias áreas

Entidade do terceiro setor que atua em São Paulo (SP) está cadastrando currículos de profissionais para atuar em programas socioeducativos.
Os cargos são: gerente de programa social (formação superior em Serviço Social ou Psicologia, com experiência em serviços de proteção social oferecidos a famílias e comunidades); agentes comunitários (formação superior em Humanas e experiência de trabalho com famílias na área sócio-assistencial); educadores/as socioeducacionais e oficineiros/as (curso superior completo e prática com educação comunitária e facilitação de cursos, oficinas e palestras sobre: cidadania, educação ambiental, artes, artesanato, música, culinária etc.); auxiliar administrativo/a (nível médio e vivência em serviços de escritório, banco de dados e atendimento ao público); e auxiliar de cozinha, limpeza e zelador/a (ensino fundamental e experiência na função).
Currículos devem ser encaminhados para cadastro.rechumanos@hotmail.com, com contatos atualizados (telefones e e-mail).
Com informações do site Rets

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PINOS COSIPA OU GESIPA DO BRASIL

Quem já trabalhou encaixando pinos em blocos de madeira?

Padre Narciso

Quem é da época deste padre?

Padre Paulo

Quem já assistiu missa com este padre?

Sr. Carlos e Dona Camila

Alguêm conheceu o Casal que dirigia o colegio?

Irmão Domingos

Alguêm conheceu o já houviu falar do Irmão Domingos?

Educandário Dom Duarte oferece cursos gratuitos para jovens de 15 a 24 anos

Educandário Dom Duarte e a Liga Solidária oferece Programa de Qualificação gratuito para jovens entre 15 e 24 anos em São Paulo. Os cursos oferecidos são de design gráfico, cabeleireiro e manicure, assistente administrativo, suporte técnico em informática e gastronomia (para maiores de 18 anos). Todos terão duração de 11 meses e aulas de Formação Humana.As vagas são limitadas e as inscrições serão realizadas somente com a presença do candidato nos dias 25, 26 e 27 de novembro, das 8 às 11h e das 13 às 16h.Os originais e as cópias dos seguintes documentos deverão ser levados:
• Foto 3x4 (recente)• RG e CPF do candidato • RG e CPF do responsável (para menores de 18 anos)• Comprovante de residência com CEP• Comprovante escolarLocal das inscrições: Avenida Engenheiro Heitor Antônio Eiras Garcia, 5985 – São Paulo/SPTelefones: (11) 3782-0769 / 0773 / 0505 - Ramais: 225 e 241.Mais informações: www.ligasolidaria.org.br

Sr. Manolo

Alguem se lembra do Velho Sr. Manolo que ficava no pavilhão 15.

Sr. Tinoco

Alguem se lembra do Velho Sr. Tinoko que ficava na administração houvindo musica classica e dormindo o tempo todo?